Detentos da Penitenciária Estadual de Guaíra (PEG) escreveram uma carta relatando uma série de irregularidades na unidade. A carta com os relatos foi registrada em cartório e encaminhada à juíza da Vara Criminal de Guaíra.
Na manhã desta quarta-feira (05), familiares dos presos realizaram um protesto em frente à penitenciária, pendido melhorias nas condições dos detentos.
Na carta (veja na íntegra abaixo), os internos relatam que a comida fornecida é frequentemente azeda e com ingredientes crus, além da falta regular de frutas e da proibição de recebê-las nas visitas. A água, segundo os detentos, está contaminada com insetos, penas de pássaros e até pedras, devido à falta de manutenção da caixa d'água há pelo menos oito meses, causando problemas de saúde como vômitos e diarreia.
Os presos também reclamam do tratamento dado aos visitantes, que sofrem humilhações e perdem a autorização de visita com frequência. Alegam ainda precariedade no atendimento médico, jurídico e social, kits de higiene insuficientes para dez pessoas e falta de opções para remissão de pena, com apenas um projeto de crochê disponível para 250 internos e a biblioteca desativada.
Em nota, a Polícia Penal do Paraná negou as irregularidades, afirmando que a PEG segue os protocolos estabelecidos e que a segurança é monitorada constantemente. Confira nota na íntegra abaixo.
O Ministério Público, que já recebeu outras cartas da penitenciária, informou que instaurou um procedimento administrativo para investigar as denúncias. A nota do Ministério Público informa também que as inspeções anteriores e entrevistas com detentos não constataram as irregularidades relatadas. No entanto, uma nova visita está agendada para esta semana.
CONFIRA A CARTA DOS DETENTOS
CONFIRA A NOTA DA POLÍCIA PENAL
"A Polícia Penal do Paraná informa que órgãos fiscalizadores acompanham os trabalhos realizados na Penitenciária Estadual de Guaíra (PEG) e que a unidade segue os protocolos estabelecidos. Além disso, a instituição mantém monitoramento constante de unidades penais, adotando medidas de segurança e controle conforme as diretrizes institucionais.
Informações relacionadas à segurança e ordem no sistema prisional são verificadas internamente pelas diretorias de segurança e inteligência da PPPR e qualquer ocorrência em unidades prisionais é tratada com a devida seriedade, sempre priorizando a segurança dos servidores, da população carcerária e da sociedade."
CONFIRA A NOTA DO MINISTÉRIO PÚBLICO
"A carta foi encaminhada à Juíza da Comarca de Guaíra e registrada no Projudi (autos nº 0000319-09.2025.8.16.0086), como “pedido de providências”, com autos entregues ao Ministério Público para manifestação em 3 de fevereiro de 2025.
Nesta terça-feira, 4 de fevereiro, a Promotoria de Justiça da comarca expediu ofício à Direção da Penitenciária Estadual de Guaíra para esclarecer os pontos levantados na carta registrada.
A Promotoria de Justiça já havia recebido outras cartas, o que gerou o Procedimento Administrativo nº 0057.24.000162-8 para verificação, extrajudicialmente, das condições da Penitenciária. Nesse procedimento, foi enviado ofício ao Conselho da Comunidade para realização de inspeção nos alimentos fornecidos.
Nas visitas técnicas e nas inspeções realizadas pela Promotoria de Justiça de Guaíra, não foram constatados organismos desconhecidos ou nocivos à saúde dos detentos. Nessas visitas presenciais à Penitenciária, alguns detentos foram entrevistados pelo Ministério Público, e não houve reclamação das condições gerais da penitenciária.
A visita do mês de fevereiro será realizada nesta semana, a fim de ter conhecimento de novas informações e verificar as condições reivindicadas."
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